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terça-feira, novembro 20, 2007

Sento-me muitas vezes neste rochedo, aqui onde o mar rebenta.
A espuma salgada fica apenas a um gesto.
Mas permaneço imóvel.
Sento-me aqui muitas vezes...
A rebentação furiosa do mar.
Este vento de norte que tudo molha,
Este ar salgado que se impregna na alma.
E eu aqui, imóvel...
É neste rochedo que lavo a minha alma,
Confesso as minhas dores.
Os meus amores...
É aqui que sereno o meu desalinho.
Acalmo o meu desencanto.
Assim foi há dez anos.
Assim é ainda hoje...
O tempo passa...Mas a memória não se desvanece.
Será possivel esquecer...um dia?
Poderá a memória petrificar-se e transformar-se num gigantesco rochedo que o tempo, a pouco e pouco, vai desfazendo?
Terei o coração a esboroar-se como argila seca?
Será? Será possível?
Entretanto, enquanto o tempo não passa, tenho-te aqui.
Presente.
Ausente.
Tenho-te na memória...
Vejo-te, revejo-te. E sinto-te...
Sinto-te!
E a minha mão voa, involuntária, para o teu rosto...
É nesse momento que me faltas...na ponta dos meus dedos...
E aconchego-me no meu silêncio.
Torna-se mais forte essa imagem de pó a esvair-se por entre os meus dedos...